Histórico Rosimeri Pavanati

 

 

Minha paixão pela educação começou cedo, aos 17 anos. Fui monitora de educação infantil no curso de Pedagogia e pude aprender muito sobre o desenvolvimento de crianças de 4 a 6 anos. Em 1985, ingressei na graduação em Educação Física na FUCRI, hoje conhecida como UNESC, em Criciúma. Para financiar meus estudos, comecei a dar aulas de Educação Física na APAE de Tubarão, onde encontrei um verdadeiro tesouro: uma biblioteca especializada na área de psicomotricidade, com livros e pesquisas sobre neurociência, psicologia e práticas psicomotoras. E foi aí que a psicomotricidade se tornou uma grande paixão e influenciou profundamente minha carreira.

 
Em 1988, fui convidada para ser a Coordenadora da Educação Física Municipal em Tubarão e tive a oportunidade de capacitar professores em educação psicomotora. Em 1991, fui para o Rio de Janeiro para fazer a primeira especialização em Bases Biomédicas para Atividade Física e, em seguida, o mestrado em Pedagogia do Movimento Humano na Universidade Gama Filho. Um sonho se realizava, pois o mestrado da Universidade Gama Filho despontava com o maior conceito junto ao MEC.

Naquela instituição, em ambos os cursos de especialização e mestrado em Educação Física, optei por uma pesquisa experimental ligada à percepção, aprendizagem e motricidade. Podia-se escolher a área a se dedicar em seu estudo, mas o projeto de pesquisa deveria ser muito consistente para atrair um orientador, sobretudo em assunto pouco comum na Educação Física. Entretanto, o psicólogo Dr. Olavo Feijó entusiasmou-se com o projeto e aceitou a orientação, o que acabou resultando na aprovação com louvor da dissertação apresentada, tendo a banca a renomada Profa. Martha Lovisaro diligente líder na psicomotricidade.

 

Com as pesquisas no campo experimental eu testava minhas próprias crenças, pois gostava de verificar se as premissas da neurociência (que tanto me seduziram) eram reais, já que a formação em Educação Física se mostrava tão alheia a este fato.
 
Desse modo, na especialização, avaliei o nível percepto-motor em crianças na fase de alfabetização, as quais apresentavam dificuldades em classe; e, na dissertação de mestrado, apliquei um programa de estimulação percepto-motor, verificando se haveria alteração positiva no desempenho do grupo experimental.
 
Ambos os estudos confirmaram as hipóteses: o primeiro mostrou que crianças com maior dificuldade escolar também se apresentaram aquém nas habilidades percepto-motoras; o segundo comprovou que um programa de estimulação melhora significativamente o desempenho percepto-motor comparado às crianças que não participaram do programa.
 
Aliando-se a tudo isso, minha experiência como terapeuta teve início com a conclusão do mestrado. Foi quando a especialista responsável pela avaliação das crianças submetidas ao grupo experimental e de controle da minha dissertação, Niobe Santos, convidou-me para integrar sua equipe.
 
Dois anos depois, em 1996, a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade concedeu-me o título de psicomotricista mediante um dossiê de estudos e experiências práticas elegíveis aos critérios estabelecidos, sendo reconhecida com o título nº 178.
 
No consultório, a busca pela eficácia no desempenho das crianças com dificuldades escolares me manteve ligada à educação em constante compromisso de aperfeiçoamento. De igual modo, tem crescido entre adolescentes e adultos a busca por ajuda em habilidades cognitivas e emocionais.
 
Dentre os estudos que embasaram minha atuação profissional, destaco o curso de Neuropsicologia Aplicada, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e estudos em Terapia Cognitivo Comportamental dos acervos da CBI – Cognitive Behavioral Institute of Miami.

 
Ao concluir o mestrado, nas buscas por uma colocação no Rio de Janeiro, o classificado do jornal O Globo divulgava na área de Educação Física uma oportunidade fantástica. Sim, era o melhor emprego que eu poderia desejar: selecionada em primeiro lugar, em outubro de 1994, um mês após concluir o mestrado, iniciei uma jornada de 24 anos de vida profissional excitante e intensa no Departamento Nacional do Sesc. Com Unidades Operacionais espalhadas por todo o país, me permitiu trabalhar em todas as capitais e grande parte do interior do Brasil.

 

 
Associado a isso, ministrei horas incontáveis de cursos presenciais e a distância; participei de congressos e estágios nacionais e internacionais privilegiados, estabelecendo relações especiais com ícones da área como David Gallahue e Victor da Fonseca.
 
Em Londres, realizei intercâmbio para conhecer o legado das Olimpíadas na Educação Pública conhecendo projetos consitentes na educação. Experiências internacionais e nacionais de grandes expressão permitiram  contatar  experts para ministrar cursos e desenvolver projetos que coordenei.
Outro marco importante foi junto a ONU, UNESCO, ONGs e órgãos governamentais, enfim, vivências riquíssimas, que não caberiam nesta apresentação condensada,  e que trouxeram contribuições valiosas para o DNA da MoviMente.
 
Em 2012, participei de uma consultoria junto ao MEC como especialista em educação Física visando a consolidação da proposta pedagógica para o ensino fundamental no ciclo de alfabetização. Essa experiência, curiosamente, permitiu-me amadurecer posicionamentos pessoais que divergiam do movimento dominante na área de Educação Física.
 
Tais convicções se alinham melhor ao momento atual, que procura beneficiar-se dos avanços científicos da neurociência, acolhendo também conhecimentos da biologia, com que meus estudos sempre estiveram ligados.
 

Nesse sentido a minha principal contribuição no Sesc Nacional foi o projeto Aples (Atividades Psicomotoras, Lúdicas e Esportivas), uma proposta de ensino esportivo para crianças, baseado na educação psicomotora. Sob minha responsabilidade técnica e acadêmica foram implantados os princípios técnico-pedagógicos em praticamente todo o país, com apoio dos gestores locais que  reconheceram os benefícios do projeto.
 
O sucesso positivo no programa esportivo, com frequentes relatos de sucesso sobre a aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos, levou os  professores a desejarem um instrumento que pudesse registrar os resultados alcançados, resultando  na construção da BAPBateria de Avaliação Psicomotora. Sob minha liderança foi criado um GT (grupo de trabalho) com profissionais do Sesc, que foram preparados  para atuarem na construção da BAP – Bateria de Avaliação Psicomotora para o primeiro nível do programa de esportes. Concluída e deixada pronta para editoração foi impressa e distribuída  em seguida do meu desligamento,  em 2018.
 

 

Durante a implantação do Aples, constatei nas demandas dos professores inquietude  por maior fundamentação na área percepto-motora e por acesso a materiais específicos para aplicação. 
 
A decisão por encerrar o ciclo no Sesc Nacional foi motivado, em especial pela oportunidade de avançar na construção de fundamentos e recursos pedagogicos   das área em que atuava nos projetos, mas que   demandariam muito mais  tempo e autonomia  para produzir conteúdo e materiais para  auxiliar os profissionais na aplicação altamente qualificada na educação psicomotora. 
 
Grata pela jornada no Sesc Nacional ter se concluído de forma honrosa e digna das homenagens institucionais recebidas,  sigo realizando na MoviMente  projetos compatíveis com as demandas que os  profissionais frequentemente apresentavam.   
 
Que a força divina me ilumine, permitindo  estar  à altura   dos desafios que essa missão  exije.

   
Prof.ª Ma. Rosimeri Pavanati
 
Psicomotricista, Professora de Educação Física, Mestre em Pedagogia do Movimento Humano, Especialista Neuropsicologia e Terapeuta em Desenvolvimento Infantil e Performance Humana.